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Folha branca
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Foto do escritorRafaela Manzo

O que os sintomas comunicam?

Se me fosse dada a chance de ter uma conversa com Deus, de poucos minutos, para que eu pudesse lhe perguntar algo muito importante, não tenho a menor dúvida do que perguntaria a Ele. Por que tanta dor no mundo? Por que as doenças, os sintomas? Qual a razão disso tudo?


Faz tempo que essas perguntas me rondam porque, comigo ou ao meu redor, esses sintomas paralisam, coíbem, mudam a rota e os planos de tanta gente. Por quê?

Por que uma dor de cabeça crônica, um final de semana inteiro, me tirando do sério, me colocando à prova? Por que o medo insiste em me espreitar e a ansiedade permanece logo ali, atrás da porta, me encarando e esperando um vacilo meu, bem do lado da tristeza?


Até que um dia uma pergunta me desconcertou completamente e me fez pensar: como seria a minha vida sem tudo isso? Como seria viver sem nenhuma dor, nenhum sintoma, nenhuma doença? E se essas dores e sintomas forem apenas mensageiros e voltam porque eu não captei ainda a mensagem?


Então eu vi aqui (mais) um problema que envolve a comunicação. Desta vez do nosso corpo com a gente. E me dei conta de que meus sintomas, dores e doenças eram apenas criações (não são invenções, eles existem, só que fui eu quem os criei, que os coloquei ali) para me dizer ou alertar algo que eu não estava, de forma consciente, entendendo ainda.


A raiz de todo o “mal” quase sempre é a mesma: é o jeito que a sabedoria contida em nossas células fala para nós algo importante sobre como estamos vivendo ou que atitudes estão se repetindo - e precisam ser definitivamente abandonadas.


Nosso corpo é muito sábio. Ele “sabe” mais coisas do que nós. E conversa com a gente o tempo todo. E nos diz o tempo todo o que nos faz bem e o que nos faz mal. Só que somos teimosos e insistimos, muitas vezes, no caminho dolorido - simplesmente porque nos acostumamos com ele. Porque de alguma forma, obviamente não racional, a dor nos “serve”. Ela tem uma função. E ela só vai embora quando colocamos, no lugar dela, outra coisa. O entendimento, o amor ou o perdão, por exemplo.


Muitos autores e estudiosos associam de forma sensacional os sintomas às suas possíveis causas. Não vou citar todos, mas sugiro fortemente que, se desejam se aprofundar nesse assunto, estudem um pouco de metafísica, por exemplo. Quase tudo tem uma “explicação”. Quase todos os diagnósticos catalogáveis provem de um sistema por trás e estão relacionados a uma parte da nossa vida que precisa ser olhada com atenção.


Às palavras que não dizemos, às agressões que suportamos, aos sapos que engolimos, ao desamor com que nós tratamos, à raiva que permitimos comandar alguma ações, à violência que usamos, à mágoa que guardamos, aos adeus que não demos, aos fins que não suportamos encarar, aos lutos que não vivemos, às emoções que reprimimos... tudo está relacionado a algum sintoma ou disfunção que se manifesta, porque precisa ser vista, em nosso corpo. Esse equipamento tão rico e complexo que recebemos para cuidar - e muitas vezes, em vez de cuidarmos dele, simplesmente o usamos para guardar todo o lixo emocional que não estamos tratando como deveríamos.


A dor de cabeça, em mim, é um lembrete com dupla função. Primeiro: de que eu não tenho o controle de tudo, por mais que eu deseje profundamente ter algum controle - e isso não é consciente, nunca foi. Segundo: de que nem tudo pode ser interpretado ou compreendido pela razão, pelo cérebro - e, por ser uma acumuladora de “dados” e “informações”, o meu cérebro, que tento utilizar para decifrar ou dar conta de tudo, fica “dando pau”.


A verdade é que não temos explicação racional para quase nada.

A nossa mortalidade, na verdade, é o que dá sentido às nossas vidas (assistam The Good Place, uma série sensacional na Netflix que faz um resumo divertido e lúdico dessa necessidade humana da finitude como razão para seguirmos). Se tivéssemos uma vida completamente equilibrada, resolvida, sem nada que precisasse ser observado ou compreendido, simplesmente não haveria mais sentido em permanecer aqui, neste planeta-escola que escolhemos estar para aprender algo importante - e talvez isso fique claro quando a doença nos atinge num grau limítrofe, que nos faça olhar bem fundo nos olhos da morte.


A dor de cabeça, em meu caso, também tem uma mensagem espiritual - de me apegar fácil às dores do mundo, às dores que não são minhas. De manter perto o que não preciso mais manter (hábitos, relações, pessoas). A necessidade de deixar ir, de queimar mesmo todos os barcos, de assumir que dou conta de mim sozinha, sim; que me sustento em minhas próprias pernas e não preciso da validação de ninguém quando me amo, me aceito e confio no que sou e no que vim fazer aqui.


Neste final de semana sinto que vivi um processo de cura poderoso. Não briguei com a dor nem me agarrei a ela. Apenas a vi, ali, tentando fazer sentido e me mostrar algo. Alguma coisa me dizia que ela era apenas uma criação minha, como o pânico e o medo (de novo, o que não faz dessas coisas irreais, pelo contrário).


Trabalhei dentro de mim com as ferramentas recentes que recebi de uma prima querida, Ana Claudia, que orientou esse “processo” e interpretou outro dos meus sonhos poderosos que já vem cheio das respostas que busco - e nem sempre lhes dou a devida atenção.


Perdão, redenção, entrega, deixar ir o que não faz mais sentido: o apego ao passado, a culpa, o drama para ser percebida e amada, protegida ou observada. Todos tivemos nossos traumas, nossos dilemas, nossos problemas na infância. Acontece que hoje estamos aqui, certo? E tudo que vivemos nos trouxe até aqui.


Eu entendi, ontem, que estar aqui é tudo que eu preciso fazer. Essa é a melhor realidade das múltiplas que eu poderia escolher.


Não preciso tentar entender tudo, navegar de volta ao passado, punir algozes ou permitir que me punam. Ninguém tem culpa de nada e isso fica muito claro quando lemos o mapa desse grande jogo que a vida é.


Sinto muito, me perdoa (e eu te perdoo), sou grata, te amo.


Repeti como mantra tentando encontrar os destinatários de cada sintoma. Da dor de cabeça, do medo, da ansiedade, do pânico, da obesidade. Parei de tentar explicar os mensageiros e me detive a decifrar a mensagem. Apenas a mensagem que cada um deles trazia.


Ainda estou processando o entendimento geral, e isso começou pela dor, mas compreender as partes e conectá-las me faz ver o quebra-cabeça com mais nitidez. Ele fica cada dia mais próximo da imagem final que preciso, de uma vez por todas, enxergar.


Nossas emoções e nossas reações diante de todos os acontecimentos podem ser revisadas, editadas, melhoradas. Podemos escolher, o tempo todo, mudar.


Ou também podemos escolher deixar tudo como está - e não podemos reclamar quando os sintomas voltarem, porque eles vão sempre denunciar algo que está sendo negligenciado em nós.


Nossa mente é incrível. Talvez a mais poderosa ferramenta desse mundo. Ela é capaz de criar a dor porque sabe que, historicamente, é com a dor que mais rapidamente aprendemos. Acontece que a mente também traz a resposta - e quando conseguimos decodificar a mensagem, o aprendizado pela dor cessa.


Eu não sei o que vem depois. Sinceramente, não sei. Só sei que acabou o tempo de aprender por esse caminho.


Quero uma vida sem dor. Sem a necessidade dos sintomas. Eu me abro para aceitar a mensagem e mudar os hábitos que me fazem mal e me mantém presa. Porque eu nasci para voar e ser livre é o estágio final do jogo no meu sonho. É quando a gente consegue abandonar todas as coisas e não nos apegamos mais a nada - nem às pessoas, nem aos lugares, aos objetos, aos bens, às profissões, às crenças, às pílulas, às receitas.


A medicina não cumpre a sua função quando não nos enxerga integralmente, quando não reconhece a influência de todos os sistemas como causa do mal que nos aflige. A medicina tradicional só trata, mesmo, o sintoma.


Um passo além e ela se torna obsoleta, como toda a bilionária indústria farmacêutica.

Não é o alívio dos sintomas que está em jogo, mais. É o combate à causa.

Isso está no campo das coisas que não vemos ou sabemos - só sentimos.

E precisamos aprender a sentir e a falar mais claramente sobre o que sentimos.


Quando nós abrimos para a comunicação direta com o Universo, com Deus, com a fonte (ou qualquer que seja o nome que você dê ao Criador), possivelmente não precisaremos mais nos agarrar aos sintomas e aos circuitos tradicionais, inclusive as doenças. Esses já conhecemos. E, se já entendemos a mensagem, o mensageiro pode ir.

Então podemos seguir a jornada, que sempre nos mostrará novos desafio. Mas que venham desafios novos, porque os velhos já foram superados.


Porque as histórias das nossas vidas não são mesmo protagonizadas pela dor - elas têm como protagonista a superação.


A super ação.


O controle do jogo está nas mãos da gente e a cada nova fase ganhamos um novo super poder para encarar a próxima (fase) com mais recursos.


Você pode escolher ver a vida como uma jornada cheia de dor. Eu escolho ver a vida como uma jornada cheia de recursos. Recolhendo todos, podemos ser (e fazer) aquilo que desejarmos mais facilmente.


Um dia o mensageiro será apenas o amor. Até lá, que saibamos interpretar a mensagem que cada dor nos traz - e que, cumprida a sua função, podemos devolver.


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