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Folha branca
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Foto do escritorRafaela Manzo

Dia Internacional da Mulher.

Dia Internacional da Mulher. Ok, é um fato.




Agora, feliz? Sejamos honestos: estamos longe disso.


As notícias não são nada felizes para nós. O que me preocupa, muito, porque eu pari (sim, é uma função reservada apenas às mulheres essa de garantir a continuidade da espécie através da gestação de outro ser humano) outra mulher. E o mundo que vejo não é colorido como eu gostaria que fosse para ela, sempre.


Vamos às notícias, mais “visíveis”: em 2022 batemos o recorde de feminicídio. Alguma coisa em mim morre quando leio uma notícia sobre abusos e violências que tantas mulheres vivem todos os dias e, pior, tantas vezes em silêncio por vergonha ou medo. Temos menos oportunidades de crescimento profissional e nossos salários seguem sendo menores que os dos homens. Na política e nos negócios também somos minoria. Vivemos num país machista e, por mais que haja sinalizações óbvias da necessidade de mudança desse padrão de comportamento pré-histórico, sinto que estamos longe de emplacar pautas positivas nessa direção.


Por baixo da superfície, há ainda um imenso cansaço. A quantidade de energia que precisamos usar para sustentar todos os papéis que ocupamos é imensa. Somos cotidianamente diminuídas, questionadas e invalidadas por outros homens – com frequência mulheres que falam mais alto são rotuladas com toda a sorte de adjetivos que nos fazem perguntar: vale a pena continuar essa discussão? Outras mulheres que poderiam nos apoiar, num movimento se sororidade tão necessário quanto vital, muitas vezes também acabam nos colocando em lugares ainda piores quando nos ditam, com suas réguas altas, onde devemos chegar. Ou entram conosco num espaço de competição e/ou comparação tóxico e irreal. Nas redes sociais, muitas mulheres “influenciadoras” quase sempre são mães, profissionais, mulheres e cidadãs perfeitas, com maquiagem e cabelos irretocáveis – quando a gente se compara acaba se sentindo ainda pior por estar tentando, simplesmente, seguir em frente.


Como se não bastasse todo esse cenário ainda temos os hormônios (Deus do céu, que loucura são os hormônios, especialmente no puerpério!), a sensibilidade mais aguçada, o olhar sobre o mundo que nos torna tão mais humanas quanto inconformadas com injustiças, desigualdade e indiferença. Aqui no meu bairro são as mulheres que se organizam nos grupos para ajudar uma vizinha em situação de risco, crianças desemparadas, famílias desassistidas. As mulheres cuidam, protegem, alimentam, brigam, conciliam, resolvem.


Sinto que às mulheres, mais do que a capacidade de gerar vida, é dada a capacidade de dar também sentido à vida.


Por isso cansa. Cansa ver o noticiário e constatar quanto ainda temos que melhorar, enquanto espécie, para poder celebrar (e tão somente celebrar) o fato de sermos fêmeas da espécie humana, sabe?

Agora uma pergunta para nossa reflexão: o que você (homem ou mulher) tem feito para melhorar esse cenário, no seu dia a dia? Nos lugares que frequenta e espaços que ocupa, quem é você? Apoia efetivamente outras mulheres ou as questiona, invalida e critica? Não falo de projetos ousados, mas de pequenas ações e falas que podem mudar, muito, a vida de alguém?


Depois que me tornei mãe eu tenho vontade de abraçar e escutar todas as mães que encontro, na rua. Especialmente as grávidas ou puérperas, sobretudo depois das experiências que eu mesma vivi nestas fases.


Você tem escutado as mulheres ao seu redor? Muitas vezes a simples escuta, com empatia e compaixão, pode ajudar a diminuir o cansaço de um dia difícil na vida de uma mulher, sabia?

Que tenhamos, algum dia, um dia da mulher sem flores e chocolates e ações de endomarketing superficiais. Que tenhamos notícias e histórias melhores para contar a respeito delas, a respeito de nós mesmas.


Feliz? Não sei.


Pelo menos possível.

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