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  • Foto do escritorRafaela Manzo

Adaptação – quando enviar os filhos para o “mundo”​?

Adaptação


Passei a vida inteira estudando temas relacionados à comunicação e ao desenvolvimento humano. A última década, em especial, amadureceu em mim conceitos importantes sobre liderança, autorresponsabilidade, bem-estar, saúde (em todas as esferas), psicologia e autodesenvolvimento. As formações mais recentes, depois do Coaching e Mentoring, versaram por uma pós em Psicologia Positiva e uma formação em Terapia Cognitivo Comportamental. Eu achava que sabia muita coisa sobre ser, desenvolver e apoiar outros (seres) humanos.


Até me tornar mãe.


Todos os conceitos caíram por terra.


As teorias, recomendações e manuais passaram a ser apenas referência – mas nada está escrito em pedra. Tudo é adaptação, inclusive o exercício da maternidade.


Na última semana resolvi experimentar matricular a Lis numa escolinha. Logo eu, que sempre fui rígida com esse conceito de “deixar ir para o mundo” nossos filhos – não concebia a possibilidade de romper essa bolha antes dela completar dois anos, ter uma comunicação verbal clara e estar mais bem preparada para se defender e comunicar suas necessidades quando elas não fossem atendidas.


Acontece que o lugar onde matriculamos ela é super bem avaliado e não tem vagas com facilidade. Descobri na sexta-feira retrasada que havia vagas para crianças nascidas em 2021 e não tive dúvida quando a coordenadora pedagógica me apresentou a infraestrutura e a filosofia da escola: aqui minha Lis vai poder florescer. Vou ter que fazer esse processo (de adaptação) ser mais rápido do que eu suspeitei que seria.


No primeiro dia de adaptação, porém, eu entendi que o desafio seria maior para mim que para ela. Entender quais eram medos reais, preocupações naturais de uma mãe e o que era excesso de cuidado e controle tem sido um desafio imenso por aqui. Matricular Lis na escolinha me faz ter consciência do quanto eu precisarei me esforçar de um lado para confiar e cuidar e, por outro, o quanto preciso deixar ela viver suas próprias experiências, encontrar sua própria voz para sinalizar limites e aprender.


A consciência da impotência me causa imensa dor e muitas dúvidas. Não vou poder poupar minha filha de uma virose, de uma mordida ou um empurrão. Preciso, sim, dar a ela munição para aprender a se relacionar bem com as coisas, lugares e pessoas. Num mundo que está tão estranho e cheio de perigos preciso protegê-la, mas inevitavelmente haverá riscos e algumas cicatrizes.


Tenho utilizado todos os recursos que aprendi ao longo dos anos para tentar acalmar meu coração e fazer essa experiência ser bacana para ela e a nossa família: faço sempre muitas perguntas, observo como a Lis fica ao longo dos dias, respeito nossos tempos, falo claramente sobre minhas dúvidas e insegurança com a escola – que nos recebeu tão cuidadosa e carinhosamente.


Possivelmente vou errar nesse processo. Talvez ainda cometa muitos erros ao longo da vida da Lis – mas a intenção, que para mim é fundamental, é sempre proporcionar o melhor para ela.


Construir relações requer estudo, sim, mas sobretudo experiência, boa dose de intuição – e muita confiança. Começa em casa, passa pela escola e inclui todas as instituições, lugares e pessoas com que minha filha vai se relacionar. Demanda separar o que é meu (medos, gatilhos, traumas) do que é e do que não precisa ser dela.


Quando o medo ou a dúvida forem muito grandes o melhor caminho é pedir ajuda. No nosso caso, mais uma vez pedi a ajuda da querida Natália Brito, educadora parental, que além de dominar conceitos é mãe de três. Em pleno puerpério da sua caçula, Nat me ouviu e sinalizou caminhos e potenciais soluções. E essa conversa foi fundamental para serenar meu coração.


Como tem sido aí, para você, lidar com os desafios de se adaptar às mudanças? Quanto o assunto são seus filhos, como você lida com elas e que recursos e experiências te trazem luz?


Vamos conversar para aprender, juntas/os?

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