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Folha branca
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Foto do escritorRafaela Manzo

O Encontro de Fátima

E a coragem da gente assumir o que/ quem é de verdade.


Dia desses parei para assistir um programa inteiro da Fátima Bernardes, o Encontro, e desde então ele se tornou um dos meus favoritos. Quem disse que não tem nada de qualidade na TV aberta, que a Globo é um lixo e que todas as notícias são ruins precisa, definitivamente, assistir um Encontro.


É um portal, um farol, um bálsamo para alma, com convidados de verdade, gente muito boa e competente construindo uma colcha de retalhos que reflete lindamente a nossa sociedade, diversa e tão rica. Ele dá espaço a vozes que falam e se ouvem, que denunciam e se expõem, que opinam e elucidam temas tão complexos de um jeito tão leve. É um palco de histórias lindas, que inspiram e emocionam. De gente de verdade, como eu e você. Ao vivo, sem cortes, com falhas, improviso e muito, muito amor envolvido.


Fátima é uma mulher que, depois de também “queimar seus barcos” e renunciar a uma história de muito sucesso construída na bancada do Jornal Nacional, enquanto fazia par com um dos mitos do jornalismo, que por acaso era seu marido, conseguiu brilhar ainda mais e mostrar que o risco de mudar vale sim, muito, a pena.

Eu duvidava, confesso.


Achei uma decisão arriscada, perigosa, ousada. Tive medo por ela. Ela provavelmente teve medo também. Mas mudou, a despeito do medo. Coragem, afinal de contas, é isso. O enfrentamento do medo que existe.


Hoje me vejo refletida nela, inspirada por ela, por sua eloquência e sensibilidade, sua sabedoria e firmeza, sua abertura para o novo e sua imensa generosidade.


Fátima deixa que as vozes sejam ouvidas, as histórias sejam contadas e os temas mais peludos sejam debatidos, trazendo à tona gritos silenciados por muitos de nós. Ela inova no jeito de se vestir, na alegria que se permite sentir e mostrar, na fase nova tão bonita que ela escolheu viver, que plantou lindamente. Ela colhe os frutos de uma grande aposta. Poderia dar muito errado, mas poderia dar muito certo também. Todas as nossas escolhas dão, no mínimo, esses dois resultados. Há que se correr o risco para saber como será. Bônus dos corajosos. Como ela, como eu e como você, que escolhemos diariamente nos reinventar, mexendo na matéria prima complexa que é a nossa mente, a nossa alma, as nossas crenças.


Fátima é a fênix que ressurge depois de ter encarado a decisão de sair da sua zona de conforto.


O Encontro é um oásis onde, além dos debates delicados, cabem a música e a poesia de vários artistas. Os seus “parceiros”, como ela chama os convidados mais frequentes, fazem um trabalho lindo, rico, cuidadoso. Recentemente vi que o Alexandre Coimbra, amigo baiano querido que tive o privilégio de conhecer uns bons anos atrás, foi convidado para ser um desses parceiros. Alexandre é um desses caras que mudam o mundo, que nasceram para isso; e ver ele lá, dentro desse projeto que é transformador, me dá a certeza de que tem algo muito novo, bonito e raro acontecendo.


Sim, a televisão está mudando. Aos poucos, os canais e os meios estão se reinventando. Assim como a política, a economia e todos os sistemas convencionais mais antigos. “Nada vai permanecer no estado em que está” - já dizia a poesia/canção, que em minha vida é um hino.


Não sei se você está percebendo e vendo, mas tem um mundo novo bem bonito surgindo. Renascendo. Das cinzas desse mundo antigo, cujas feridas estão todas vindo à tona para que sejam definitivamente expurgadas, curadas.


Sim, há dor nessa mudança. Há os sintomas, típicos de uma faxina pesada que está sendo feita.


Mas o amor tem superado o medo, a dor. O amor vem ganhando voz, espaço e os corações.


Aqui, em mim, sinto uma profunda metamorfose. Sinto o convite para ser, do meu jeito e em meus meios, agente de mudança também. Pelo amor e para o amor.


Fátima, em seu Encontro, me inspira e representa. Com sua vulnerabilidade tantas vezes exposta, sua ousadia, sua delicadeza, sua força.


Lá eu me vejo e me dou conta de que não estou sozinha nessa jornada de transformação, de mudança de paradigmas, de quebra de crença e padrão. Ela me lembra que somos, todos, uma imensa multidão. De gente que acredita, que tem fé, que muda, que se reinventa.


Sobretudo que tem coragem.


Obrigada, Fátima, por fazer da sua a minha voz. E por dar voz e vez aos que, como eu, desejam ser a mudança que querem ver no mundo. Isso requer, além de coragem, ação.


E, claro: Encontro. Especialmente aquele que fazemos, antes do encontro com o outro, com nós mesmos. Felizes os que tem coragem de se encarar.

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