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Folha branca
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Foto do escritorRafaela Manzo

Integridade: a habilidade necessária (e urgente) nos negócios e na vida

Estudando o comportamento humano e trabalhando com comunicação integrada eu me deparei, recentemente, com um tema sobre o qual vamos precisar falar, cada vez mais e de forma escancarada, se quisermos prosperar (de verdade) enquanto organismos sociais, empresas ou indivíduos: integridade.


No cerne da palavra, a sua definição etimológica parece suficiente e autoexplicativa: “[substantivo feminino] - particularidade ou condição do que está inteiro; qualidade do que não foi alvo de diminuição; inteireza. Condição do que não sofreu alteração; que não foi quebrado nem atingido; que está ileso: integridade física ou mental.” Característica da pessoa que é íntegra; qualidade de quem é honesto; que é incorruptível.


Cujos comportamentos ou ações demonstram retidão; honestidade.

Descobri muito recentemente (embora já desconfiasse intimamente) que essa é uma das minhas forças de assinatura, o que me leva a sentir conforto (ou extremo desconforto) em relações pessoais ou profissionais que tenham ou não essa virtude como premissa.


A provocação que faço é: será que se trata mesmo de uma virtude inata, que já nasce (e se mantém) com a pessoa por toda a vida?


Sinceramente: acho que não. Penso que a integridade é uma escolha. Diária. E que pode ser, sim, cultivada (ou completamente abandonada) por alguém, ao longo da vida, por conta das decisões que as pessoas tomam em determinados contextos.


Talvez haja, isso sim, personalidades com mais inclinação à integridade - ainda sim, mesmo as pessoas mais íntegras que conheço, em algum momento elas passarão por alguma situação de prova que coloque essa virtude em risco. Eventualmente elas podem até se “arranhar” ou “desvirtuar”, fazendo alguma escolha que contrarie essa sua natureza, mas necessariamente podem voltar ao lugar de origem e ESCOLHER estar inteiro de novo - e só “lá”, neste lugar, elas terão paz.


Quem escolhe ser íntegro não se protege automaticamente das tentações/ provações. Pelo contrário. Acontece que não há esforço algum para tomar uma decisão que COLABORE com a sua natureza, alimentada por escolha diária. Por outro lado, decidir por fazer algo “não íntegro” tem um custo (energético, físico, espiritual até) imenso.


Vejo nas organizações e na minha vida a integridade como uma virtude que começa a ser novamente cultivada (e necessária). Escolho as pessoas com quem me relaciono mais proximamente pelo nível de integridade que elas escolhem adotar em suas vidas. Não ligo quase nada para suas competências técnicas, suas habilidades práticas (ambas podem ser aprendidas e transferidas), e até suas tendências de comportamento - desde que no quesito integridade eu tenha segurança de estar lidando com alguém confiável.


No meu trabalho, hoje, ser íntegra não é uma <em>hard</em> ou “soft skill” - é o que acabo de batizar de “essential” ou ”basic” skill (só para acompanhar a tendência de batismo usando a língua inglesa, mas chamaria de competência essencial, mesmo).


Lido com projetos confidenciais o tempo todo. Gerencio crises, participo da elaboração de propostas técnicas e ações de grande porte que PRECISAM ser tratadas de forma sigilosa, com todo o cuidado. Trabalhos que demandam a integridade como premissa, mesmo. Alguns tem contratos de confidencialidade envolvidos e assinados, outros não - ambos para mim são tratados da mesma forma.


Um dos depoimentos recentes que andei revendo de clientes antigos e atuais me faz lembrar porque sempre sou convidada pelas mesmas pessoas e/ou empresas para trabalhar em projetos confidenciais. Destaco uma frase da querida Lea, mãe da Vitória e sócia do Restaurante Alecrim, para quem trabalhei um tempo atrás, já na fase empreendedora: “(...)profissional competente e que não necessitaria assinar contratos, recibos ou assinaturas. Ela honra a palavra e a profissão. (...).


Quem me conhece bem de perto sabe o quanto é desafiador para mim falar a respeito das minhas próprias qualidades e virtudes. Quase sempre faço isso muito bem com os outros, sejam pessoas físicas ou jurídicas, mas ME comunicar não é algo confortável quando se trata do meu próprio trabalho. Acontece que bem recentemente entendi o quanto é, sim, importante, olhar a gente no espelho e valorizar o que temos de bom. Porque há competências de muito valor, do tipo que não se pode vender ou negociar, e elas estão embutidas na pessoa que você contrata, com quem se relaciona.


Ser íntegro é sim uma virtude difícil de sustentar, porque te coloca fora de muitos territórios altamente interessantes do ponto de vista, por exemplo, do resultado financeiro, até então força motriz da nossa sociedade capitalista.

Acontece que ela tem como bônus, para além de todos os ônus, o que hoje para mim é meu patrimônio mais valioso, caro e necessário: paz de espírito.


Por isso um cliente ou parceiro que já conhece minha dinâmica de funcionamento dificilmente vai me perguntar algo se ele não desejar ouvir uma resposta honesta. Eu já encerrei relações, de muitos tipos, por conta da falta desse elemento (não) embutido.

Para minha alegria esse tem sido um fator essencial e determinante logo no início de todas as minhas relações novas - porque nas antigas isso já é sabido: Só entro se for pra jogar um jogo limpo, com regras claras, limites sinalizados e respeitados e o compromisso de sermos honestos sobre os benefícios que temos. Não tem nada a ver com dinheiro, “fee, budget”, salário ou ganhos de qualquer natureza. Tem cada vez MENOS a ver com isso.


Tem a ver com o legado que desejamos deixar como marca para os que virão depois de nós. Porque a vida da gente, em si, é muito breve. Temos uma existência pequeníssima e usar bem esse tempo é condição essencial para servir ao mundo. A gente só está aqui por isso. De passagem e à serviço.


Pensar em como queremos ser lembrados depois do dia da nossa partida (porque isso é o que nos torna iguais, a certeza da finitude de TODOS) é o que determina como você quer viver os seus dias aqui.


Eu quero viver em paz. Comigo e com todos que eu escolher manter uma relação. Sem integridade, para mim, não tem mais “jogo” - nem história para contar, que é isso que eu mais amo fazer.


A notícia boa é que tenho reconhecido e conhecido cada vez mais pessoas seriamente comprometidas em escolher, diariamente, esse mesmo caminho. Dentro e fora do mundo corporativo.


Ah, e a integridade não é o tipo de coisa que se pode esconder ou mascarar, porque ela se comprova em ações. Não adianta nenhum discurso sem o exercício (diário) prático dela.


Você pode até tentar interpretar esse papel para iniciar algo, mas dificilmente conseguirá sustentar se não for genuinamente da sua natureza ser íntegro. Então você só tem uma escolha (todos sempre temos): mudar ou sair do jogo.


Não haverá mais espaço, em pouco tempo, em lugar nenhum, para quem não escolhe a integridade como princípio. Porque sem ela não há meio (que é toda a jornada) - e o tempo de topo o tipo de desonestidade chegará, talvez mais em breve do que possamos imaginar, ao fim.


É bom estarmos preparados - e em paz com nossas consciências - quando chegar esse dia.


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