Há algumas semanas li reflexões nesta rede a respeito de alguns pontos críticos da relação entre assessores de imprensa e jornalistas de redação, supostamente profissionais de “lados distintos do balcão”. Parei para fazer minhas próprias reflexões, por ter ocupado e ainda ocupar posições dos dois “lados”, e pensei muito sobre qual seria a solução para um dos problemas mais gritantes dessa relação: a enxurrada de e-mails com sugestões muitas vezes sem nenhum sentido que os jornalistas de redação recebem dos assessores, indiscriminadamente.
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Caixas de entrada lotadas e mensagens de WhatsApp impossíveis de serem administradas também são alguns problemas apontados pelos “redacianos”, como também são chamados os jornalistas da redação. Entendo os dois lados, honestamente. Acredito, entretanto, que a solução caminha na direção da empatia. Colocar-se no lugar do outro para muitos problemas na vida, esse inclusive, pode ser uma boa saída. Vou explicar como faço aqui quando me sento no banco do assessor, que é o da nossa empresa de Soluções em Comunicação, ou quando me sento no banco do “redaciano”, que é o do nosso projeto da Tribuna do Bem.
Primeiro: não é toda pauta que vai virar notícia, fato. Nós, assessores, precisamos não apenas saber disso, mas aceitar e informar nossos clientes dessa possibilidade. As boas sugestões podem ter chance, desde que sejam bem elaboradas e cuidadas para que se destinem especialmente a um determinado veículo, ou a um grupo de veículos, que efetivamente possa trabalhar aquele tipo de pauta. Não dá para mandar sugestão de show de banda para uma editoria de negócios; não dá para mandar sugestão de construção para editoria de cultura.
Segundo: ferramentas de mailing/ disparo são para ser usadas com moderação, estrategicamente, cuidadosamente. Envios em massa quase nunca funcionam e acabam desgastando a relação da agência com o veículo. Os resultados que temos aqui costumam vir de pautas exclusivas que muitas vezes não são rápidas de serem negociadas. Demandam paciência da assessoria e dos clientes. Não dá para sair pressionando o jornalista e o veículo em follow up diário, por exemplo. Tento me colocar no lugar de quem está recebendo minha mensagem e penso: preciso dar um tempo. Não posso nem imaginar a quantidade de temas na cabeça daquele jornalista, em um dia. Eu que lide com a minha ansiedade de obter logo uma resposta. Meus clientes, idem.
Em terceiro lugar, e agora falando da cadeira do veículo (a Tribuna do Bem): é mesmo humanamente impossível ler tudo que chega, quiçá responder. E a maior parte das coisas não tem nada a ver com o perfil do nosso veículo. Os assessores têm, sim, a obrigação de saber disso antecipadamente. Fazer um mailing e depois checar se ele faz mesmo sentido. Escrever individualmente para um repórter ou editor sugerindo algo desde que seja mesmo algo pensado para aquele veículo e aquele jornalista: faz TOTAL diferença. Mandar mensagem de WhatsApp cobrando a leitura da sugestão sem nem saber com quem se está falando também pega super mal. Aqui já bloqueei alguns números, e olha que sou um veículo super pequeno, de assessores pedindo para analisar sugestões que não tem nada, absolutamente nada a ver com o perfil da Tribuna.
Por fim: bom senso. Pode ser usado, esse sim, sem moderação. Por aqui eu já revi estratégias milhares de vezes porque a forma como a comunicação é feita está mudando o tempo todo. Tento sempre cuidar da relação com as pessoas porque somos isso: pessoas. E estamos nos relacionando com pessoas. Estamos (verbo transitório) representando empresas, mas somos (verbo permanente) seres humanos. Por isso não acho que estamos de “lados opostos do balcão”, mas do mesmo lado. Queremos, no fundo, as mesmas coisas. Trabalhar de forma produtiva, tranquila, equilibrada, saudável. Desenvolvendo e nutrindo relações positivas, construtivas, que nos ajudem em nossas buscas: seja por notícias, por uma boa sugestão, pelos melhores clientes.
E por aí, como tem sido essa construção? Quais tem sido os seus desafios e que reflexões você tem feito a respeito desse tema?
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